terça-feira, 16 de outubro de 2012

Depoimento de Edgar

Venho de uma família em que a educação sempre foi prioridade.
Uma experiência que marcou e ainda marca meu caminhar pela vida,tem início quando fui convidado a participar do Projeto Alfabetização Solidária, parceria da Faculdade onde estudava e o Ministério da Educação. Atendia dois municípios paraibanos: Alagoinha e Areia-PB. O objetivo principal, era alfabetizar, retirar as pessoas da escuridão do analfabetismo, da exclusão, do preconceito. Todos tinham vergonha de sua condição de analfabeto.
Foi um trabalho muito gratificante, principalmente, quando os alunos, muitos com mais de 50 anos, viam-se lendo e escrevendo, no início de forma tímida, trêmula. Era um sinal de que algo estava ocorrendo, transformações eram vivenciadas a cada dia.
Houve um certo dia, que uma senhora de mais de 60 anos me disse:
"... Professor, hoje sou uma cidadã, já sei escrever meu nome. Não preciso mais pagar a alguém assinar para que receba minha aposentadoria no banco. Não terei mais meu dedo manchado por tinta. Tinha vergonha."
O que para nós era corriqueiro, para eles libertação.
O autor, Moacyr Scliar, em seu depoimento diz: "a cesta de lixo, é a grande amiga do escritor", eu digo: a cabeça do aluno é como um cesto de colheita, onde depositamos somente coisas boas, até que transborde.


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